Boletim do IIRC – Edição de Novembro/14

08
dez

Gerando transparência e confiança no setor público

As organizações do setor público ao redor do mundo se encontraram em Washington D.C. em um evento de mesa redonda, convocado pelo Banco Mundial, para o lançamento da Rede Pioneira do Setor Público. A rede é uma iniciativa única projetada para ajudar organizações do setor público a melhorar a transparência e gerar confiança por meio do Relato Integrado.

O antigo Controlador Geral dos Estados Unidos, Honorável David Walker, e a Administradora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP), Helen Clark, apoiaram essa iniciativa com o encontro de especialistas de organizações como o Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido e o Grupo Banco Mundial para explorar por que e como o setor público deveria adotar o ‹IR›.

O Honorável David Walker se juntou à discussão, declarando: “O Relato Integrado é ainda mais importante para o setor público, mas será de difícil implementação”.

Falando a frente desse evento, Helen Clark, Administradora do UNDP (e antiga Primeira Ministra da Nova Zelândia), disse: “Instituições transparentes, responsivas e responsáveis são uma parte vital do que é necessário para melhorar a vida das pessoas e implementar uma agenda de desenvolvimento sustentável.” O UNDP declarou ter a honra de participar da Rede Pioneira e contribuir para essa evolução do relato para o setor público.

As organizações do setor público têm o desafio crescente de manter ou melhorar os resultados com os mesmos ou mais escassos recursos. Informar como e quão bem preparados estão para alcançar esse objetivo será crítico para a responsabilidade pública. Os participantes da rede compartilharão pontos de vista e experiências sobre como o ‹IR› pode ser adaptado para se adequar ao propósito do setor público, com o objetivo final de melhorar a transparência e gerar confiança.

A iniciativa foi desenvolvida pelo IIRC em parceria com o Instituto de Finanças e Contabilidade Pública (CIPFA). Os participantes – que atualmente incluem o Grupo Banco Mundial, UNDP, a Corporação de Londres, o governo do País de Gales e departamentos do governo do Reino Unido – estarão entre os “pioneiros” do ‹IR› no setor público.

Aproveitando novas tecnologias para melhorar o relato

A Iniciativa Tecnológica do ‹IR› foi lançada neste mês, ao mesmo tempo em que companhias líderes que oferecem soluções tecnológicas unem suas forças para avaliar como a tecnologia pode sustentar novas tendências no relato corporativo e ser aplicada principalmente para ajudar na adoção global do ‹IR›.

A iniciativa criará um entendimento aprofundado de como a tecnologia pode ser aplicada para ajudar aqueles que adotam o ‹IR› em ambas as pontas da produção do relato e da cadeia de valor do consumo.

Credit360, Deloitte, Indra, PwC, SAP e Tagetik atualmente participam da iniciativa (e há outros com assinatura prevista), devido a uma crença comum de que a rede incentivará a inovação do relato em nível global por meio do aproveitamento de novas tecnologias. Essas organizações já auxiliam seus clientes a se beneficiar de novas tendências de relato e prática de gestão, e, ao se juntarem na Iniciativa Tecnológica do ‹IR›, elas compartilharão experiências e liderarão a inovação de mercado.

A iniciativa será observada pela Comissão Europeia, que acredita que a Iniciativa Tecnológica do ‹IR› trará uma série de benefícios à medida que os relatos mudem. Espera-se que outros reguladores e elaboradores de políticas se engajem no programa, conforme ele siga adiante.

Os objetivos da Iniciativa Tecnológica do ‹IR› são avaliar como a tecnologia é utilizada atualmente para facilitar o relato corporativo e processos de gestão correlatos; como a tecnologia pode aprimorar o pensamento integrado; como o softwarepode capturar elementos narrativos do relato; e como a tecnologia pode facilitar a auditoria e garantia de um relato integrado. Sendo assim, as companhias participantes poderão aplicar sua criatividade e habilidades para a produção de uma nova geração de produtos, serviços e tecnologias inovadores para relato, de modo a auxiliar seus clientes na adoção do ‹IR› e do pensamento integrado.

Os membros fundadores comentaram sobre o que acreditam que a Iniciativa Tecnológica do ‹IR› pode alcançar aqui.

Aprendendo com a experiência da África do Sul

O Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) desenvolveu uma pesquisa sobre como as companhias sul-africanas colocaram em prática o Relato Integrado. A pesquisa oferece conclusões claras e concisas sobre as motivações e os requisitos para a implementação do ‹IR› e baseia-se nas experiências práticas daqueles que o estão fazendo. Ela afirma que o ‹IR› incentiva o relato conciso e com foco estratégico, além de promover – tanto interna como externamente – um melhor entendimento, de maneira rápida e fácil, da estratégia e dos riscos da companhia em um único documento.

O WBCSD realizou entrevistas detalhadas com quatro companhias baseadas na África do Sul, e o relato mostra sua opinião quanto aos benefícios, impactos e principais lições aprendidas. De acordo com o relato, “O processo de desenvolver um relato integrado promove ou até ‘alavanca‘ o pensamento integrado em uma companhia, por meio da construção e fortalecimento de relacionamentos em todos os segmentos e funções da companhia, e do aprimoramento do processo decisório. Ao mesmo tempo, o Relato Integrado estimula um melhor entendimento de questões relevantes; cria vínculos entre estratégia, riscos e modelos de negócios; evidencia os capitais com que um negócio conta; e foca a ideologia da companhia em sua perspectiva de longo prazo.”

Os entrevistados declararam que um processo de ‹IR› bem sucedido precisou de adesão e apoio; estrutura; sistemas para coletar dados e informações; equipes integradas; relato contínuo em contrapartida ao anual; e um processo robusto de desenvolvimento de conteúdo. Eles também sugeriram que aprimorar as práticas existentes, checar as informações com a auditoria interna e aderir a redes são todas iniciativas que auxiliam no processo.

Os investidores sul-africanos também apresentaram seu ponto de vista sobre o valor dos relatos integrados. As principais opiniões foram: (i) o ‹IR› deve ser uma ferramenta chave de gerenciamento para melhorar o desempenho; (ii) a qualidade do ‹IR› é um indício da qualidade da liderança; (iii) o ‹IR› é um meio de comunicação estratégico e não deve ser visto como um dificultador na elaboração do relato; (iv) o ‹IR› é parte de um diálogo contínuo que as companhias devem ter com seus stakeholders; e (v) o ‹IR› deve ser o resultado de um processo interno integrado de reflexão em nível de conselho e administração.

O relatório conclui que os investidores acreditam que a qualidade dos relatos integrados publicados pelas companhias sul-africanas tem melhorado e que o compromisso dos conselhos e administração é evidente nos melhores relatos integrados ao dizerem: “À medida que os relatos integrados melhoram, os investidores e a administração terão a tendência de tomar decisões melhores.”

Comentando sobre o relato, Paul Druckman, CEO do IIRC, disse: “Esse é um dos relatos mais bem articulados dentre os do mesmo tipo; é claro e conciso e chega a conclusões com base na realidade e não na teoria. É uma ferramenta valiosa para as organizações em todo o mundo aprenderem com a experiência sul-africana, a fim de embarcar em suas próprias jornadas de ‹IR› com um melhor entendimento do que está envolvido, como começar e os benefícios que podem esperar descobrir”.

A África do Sul está liderando o caminho com Relatos Integrados por meio das empresas listadas na bolsa de valores de Joanesburgo (JSE), agora em seu quarto ano de ‹IR›, seguindo os princípios do Código de Governança Corporativa King III de 2009 – que recomenda o Relato Integrado – e no cumprimento dos requisitos da JSE para satisfazer os princípios King III ou explicar as razões para não atendê-los.

Congresso Mundial de Contadores abre caminho para a adoção do relato integrado

O < IR> foi amplamente abordado na ordem do dia no Congresso Mundial de Contadores de 2014, em Roma. Foi objeto de três sessões, incluindo uma sessão plenária com os palestrantes Nick Holland, CEO da Gold Fields; Thomas Kusterer, diretor financeiro da EnBW; e Alexsandro Broedel Lopes, diretor financeiro do Itaú Unibanco, todas descrevendo os benefícios que suas organizações têm experimentado por meio do relato e pensamento integrados.

O Sr. Holland falou com entusiasmo sobre o ‹IR› ser uma ponte para os investidores para a Gold Fields e sua importância em atrair uma base de investidores mais ampla.

Neil Stevenson, Diretor-Geral – Implementação Global do IIRC escreveu um blogsobre o congresso e como ele abre caminho para a adoção do ‹IR›:

Temas importantes foram levantados durante o Congresso Mundial de Contadores em Roma, que contou com a presença de 4.000 pessoas de 150 países. Mas duas das questões mais prementes, frequentemente citadas pelos líderes de todos os setores, foram o planejamento de longo prazo e o uso eficaz de dados e tecnologia.

Isso ilustra uma mudança na perspectiva de futuro dos negócios para um conceito mais amplo de criação de valor – um tema repetido por uma série de palestrantes. Também reflete a realidade dos negócios da atualidade, como resumido pelo CEO do IIRC, Paul Druckman, que disse que “velocidade e interconexão são normas nos negócios de hoje”. Os negócios precisam responder por meio do planejamento para alcançar resultados de longo prazo, ao mesmo tempo em que gerenciam o curto prazo.

A conferência fez uma declaração poderosa sobre as oportunidades para melhorar o relato. Isso foi reforçado pelas claras chamadas do último presidente da IFAC, Warren Allen, para que os contadores profissionais “embarquem nesse trem” enquanto ainda há tempo, e pela nova presidente da IFAC, Olivia Kirtley, que incentivou os representantes a tomar medidas para promover a adoção do Relato Integrado. Os contadores profissionais estão em uma posição excelente para a inovação dos relatos, de modo a satisfazer as necessidades dos investidores e outros acionistas. Essa é, portanto, uma oportunidade privilegiada para a profissão mostrar como pode continuar agregando valor.

Mas o que isso significa? Implementar o ‹IR› é uma jornada que levará vários ciclos de relato até obter um ótimo resultado. Os contadores profissionais precisarão, portanto, ser gestores de mudanças e fonte de pensamento estratégico. Os contadores estão na mesa do conselho, trabalhando em funções de gestão estratégica, liderando equipes de relatos, fornecendo garantia e aconselhamento independente. Em cada situação, há oportunidades para inovação e maior geração de valor.

Aproveitar essas oportunidades trará uma série de benefícios, da atração de mais investidores de longo prazo, até uma melhor compreensão do modelo de negócios, melhor perspectiva de longo prazo e melhor tomada de decisões.

Thomas Kusterer, diretor financeiro da Energie Baden-Württemberg AG (EnBW), disse que a função de finanças corporativas pode desempenhar um papel crucial na mudança do comportamento corporativo e orientação da companhia quanto à criação de valor a longo prazo. O financeiro pode iniciar o processo, mas é uma atividade de toda a empresa. O chefe de finanças deve acionar muitos outros conjuntos de habilidades de toda a empresa para chegar ao relato e pensamento integrados.

Os contadores profissionais como agentes de mudança para a estabilidade financeira e o desenvolvimento sustentável parecem ser um resultado gratificante do Congresso Mundial de Contadores. Estamos ansiosos para ver os frutos dessa mudança nas práticas de relato no próximo congresso, na Austrália, em 2018!

Alta Prinsloo, Diretora Executiva, de Estratégia e Operações da IFAC, vê a liderança do Conselho e do Diretor Financeiro como chave para o sucesso do Relato Integrado e escreveu um blog para apresentar suas razões.