‹IR› no palco em Davos
O Relato Integrado tem um papel a desempenhar na mudança do mercado de capitais de curto prazo para um mercado de capitais sustentável. Uma vez que o Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, tratou do “Novo Contexto Global”, incluindo as questões das mudanças climáticas, big data e da necessidade cada vez maior do planejamento a longo prazo, Paul Druckman, CEO do IIRC, foi convidado para falar sobre a função do Relato Integrado na criação de mercados sustentáveis.
Conforme demonstram os estudos sobre as empresas que avançam em direção ao ‹IR›, o relato corporativo é central para melhorar a tomada de decisões, fortalecer a gestão de risco e combater a má alocação de recursos financeiros, naturais e humanos, que são cruciais para operar com sucesso neste novo contexto global.
Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, disse: “Crescimento, comércio, desenvolvimento e mudanças climáticas: 2015 será um encontro de importantes iniciativas multilaterais. Não podemos nos dar ao luxo de vê-las fracassar”. O IIRC continuará a atuar no tratamento dessas questões, encorajando o fim para sistemas de incentivo, tais como o relatório financeiro trimestral, que perpetuam o pensamento e a tomada de decisão de curto prazo. Incentivamos a introdução, por parte dos reguladores, dos códigos de governação (“Stewardship Codes”) para investidores institucionais baseados em princípios que colaboram com Códigos de Governança Corporativa e apoiam um forte diálogo com foco em estratégia, alocação de recursos e geração de valor no curto, médio e longo prazo.
Em Davos, o ministro das Finanças da Colômbia, Maurício Cárdenas, disse: “Não sou especialista em mudanças climáticas, mas sim em pagar contas, e estou pagando contas todos os dias por causa das mudanças climáticas”. Esse comentário sarcástico reflete a essência do Relato Integrado. Durante um período longo demais, o relatório corporativo se concentrou exclusivamente no aspecto financeiro, deixando de dar consideração apropriada ao fato de que os outros recursos que foram deixados de lado, tais como o capital natural, são essenciais para a geração de valor e, portanto, devem ser integrados na mesma estratégia, nas mesmas decisões e nos mesmos relatos do capital financeiro.
Paul Druckman comentou: “A verdadeira mensagem de Davos foi que os desafios enfrentados pelo mundo estão interligados uns com os outros e, para serem resolvidos, precisam ser enfrentados juntos. É evidente que os líderes empresariais acreditam que 2015 é o ano para agir; nunca houve um tempo melhor para uma reforma corporativa. À medida que os mercados e as empresas começam a se fortalecer e a recuperar confiança, há oportunidade real para que uma reforma que concentra a tomada de decisão na prosperidade de longo prazo assuma o controle”.
O IIRC continuará a atuar em iniciativas voltadas para a política global em 2015, a fim de buscar soluções para os desafios ressaltados no Fórum Econômico Mundial. Especificamente, o IIRC participará do processo B20 durante a presidência da Turquia do G20 em 2015, que levará adiante recomendações da Presidência da Austrália e examinará se o relato corporativo pode ser mais conducente ao investimento de longo prazo, principalmente em infraestrutura.
‹IR› Rede de Seguros
s seguradoras estão recebendo ajuda em sua jornada rumo ao ‹IR› por meio de uma rede estabelecida e operada por Aegon, Generali e Mazars. A Rede de Seguros do ‹IR›, que já conta com mais de 15 seguradoras, está analisando como o ‹IR› pode ser aplicado em consonância com as regras de seguros. Simon Clow, da Aegon, escreve a respeito dos motivos pelos quais eles estão envolvidos nessa rede e como estão lidando com o ‹IR›:
“A Rede de Seguros do ‹IR› foi estabelecida há pouco mais de cinco meses. Queríamos que fosse bastante prática, uma rede para auxiliar as seguradoras a lidarem com o lado prático do Relato Integrado (e não apenas com a teoria).
Apenas para dar a vocês algum contexto: primeiro, o IIRC sugeriu a ideia de uma rede de seguros e, então, fomos solicitados a copresidir o grupo, juntamente com a seguradora italiana Generali. Também estava envolvida no projeto a consultoria Mazars, que realizou uma quantidade incrível de pesquisas e trabalho de coordenação nos últimos meses.
Nossos objetivos para a rede eram bastante diretos:
– Compartilhar nossas experiências como relatores integrados (de ambos os lados da balança), o que funcionou e — tão importante quanto — o que não funcionou.
– Debater como a estrutura de ‹IR› pode ser aplicada pelas seguradoras, em vista das contínuas mudanças em seu ambiente operacional (regras inconstantes, condições econômicas incertas, entrada de novas tecnologias, etc.)
-Fornecer feedback ao IIRC, melhorar a comunicação entre as seguradoras e, em termos gerais, apoiar todo o movimento em direção ao Relato Integrado.
Até agora, acreditamos que a rede tenha sido um sucesso. Estamos elaborando um business case que possa ser utilizado por outras seguradoras para argumentar a favor do Relato Integrado. O business case deverá ser publicado no início de 2015, e estamos prestes a embarcar na fase que talvez seja a mais interessante: reunir feedback de investidores e associações de seguros sobre o que eles esperam ver em termos de relato corporativo.
Também temos constantemente expandido a rede. Hoje temos representantes em toda a Europa, inclusive algumas das principais seguradoras do continente, e recentemente se juntou a nós a seguradora sul-africana Discovery. É claro que sempre podemos avançar mais. Quanto mais seguradoras ingressarem na rede, mais eficiente será sua atuação.
Como empresa, a Aegon aderiu ao Relato Integrado relativamente cedo. Atualmente, estamos elaborando nosso quarto relato integrado, que deverá ser divulgado em março do ano que vem. Tanto nós como a Generali temos experiências para compartilhar, principalmente no que diz respeito a questões como management buy-in, materialidade e o uso de diferentes estruturas de relatório. Mas também estamos aprendendo muito com os outros membros da rede. Afinal, estamos todos diante das mesmas questões e das mesmas regras de relatório.
Para o setor de seguros, é nossa crença que o Relato Integrado representa uma verdadeira oportunidade: edificar a confiança pública, fornecer uma visão muito melhor e mais completa do desempenho e explicar como nosso setor gera valor para a sociedade. Para nós, o principal benefício tem sido transformar o Relato Integrado em um autêntico pensamento integrado. É aqui onde temos visto maior progresso: onde o relato, talvez surpreendentemente em algumas áreas, desempenha um papel em encorajar uma mudança no modo de pensar simplesmente ao levantar questões ou fazendo conexões que, de outra forma, não teriam sido feitas.
Em nossa visão, a oportunidade vai ainda mais além. O setor de seguros, juntamente com o bancário, tem um papel importante como investidor. Se aplicarmos alguns princípios básicos do Relato Integrado à maneira como investimos — principalmente no que se refere à geração de valor e ao impacto sobre os ‘capitais’ (não apenas financeiro, mas também humano, natural e outros) — podemos ajudar a impulsionar mudanças positivas em outros setores. Acreditamos que seguros podem ajudar a expandir o uso do Relato Integrado e atuar como um agente na melhoria do relato corporativo. Esperamos que a Rede de Seguros do ‹IR› seja apenas o primeiro passo nessa direção”.
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O presidente da Comissão de Prestação de Contas de Singapura fala sobre o primeiro Relatório Anual da Comissão
A Comissão de Prestação de Contas de Singapura (SAC) está na vanguarda com a adoção do ‹IR› em Singapura, estimulando outras empresas a experimentarem os benefícios do ‹IR›, e também educando os contadores da região sobre como participar. O presidente da SAC, Uantchern Loh, compartilhou sua visão para a adoção do ‹IR› no primeiro Relatório Anual do órgão estatutário:
“Era junho de 2014, tempo de pensar na elaboração do primeiro Relatório Anual daComissão de Prestação de Contas de Singapura (SAC).
Dois fatos eram bastante evidentes: não havia precedentes e a SAC era um órgão estatutário formado há menos de dois anos. A pergunta que eu fiz para eles e para mim mesmo foi: qual deveria ser nossa mensagem? Quem era nosso público-alvo? Como queremos ser vistos?
A meu ver, dois pontos estavam bem claros: o tema tinha de ser singular e, como apoiador do Relato Integrado desde seu lançamento em 9 de dezembro de 2013 e também devido à nossa proposta de liderar a adoção do Relato Integrado em Singapura, nosso primeiro Relatório Anual teria de ser um Relato Integrado (ou teria de conter os elementos essenciais do Relato Integrado).
Optamos pelo conceito ‘parque temático’, apresentando um ecossistema contendo diversão, comunidade e alguns elementos de transações de negócios.
Dividimos o processo em três partes: conteúdo, arte gráfica e Relato Integrado. Já que o Relato Integrado chama atenção para uma comunicação concisa, nosso relatório teria de conter o que é importante, sem sobrecarregar o leitor com muita informação. A arte gráfica foi ligeiramente mais fácil — nós desenhamos tudo à mão.
Em termos de Relato Integrado, o segredo é obter geração de valor por meio da elaboração de uma história e contando-a. Por sua vez, isso ajuda na formulação de uma estratégia melhor, na tomada de decisões e no engajamento dos stakeholders.
DESAFIOS:
Como já esperávamos, enfrentamos alguns desafios na implantação do Relato Integrado.
A quem devemos prestação de contas?
Para empresas cuja orientação é a geração de receita e para corporações multinacionais com um grupo definido de stakeholders, a adoção do Relato Integrado pode ser um passo lógico para estimular o engajamento dos stakeholders e o aumento da confiança dos investidores. Para a SAC, nossos papéis e deveres estão interligados em nível nacional (devido às recomendações do relatório do Comitê para o Desenvolvimento do Setor de Prestação de Contas – CDAS) e envolvem o engajamento de todo o Setor de Prestação de Contas.
Como definir nosso modelo de negócios
Enfrentamos o dilema de como definir nosso modelo de negócios e gerar valor. O Relato Integrado recomenda seis capitais: manufaturado, natural, social, intelectual, humano e financeiro. Enquanto examinávamos detalhadamente como o capital natural se aplica à SAC, chegamos ao entendimento de que adotar o Relato Integrado não significa aderir a todos os aspectos da estrutura do IIRC, mas, em vez disso, escolher os elementos que são mais relevantes para nossa história e estratégia organizacional.
Menos é mais?
Também enfrentamos desafios em relação à concisão.
Não temos um histórico longo, nem uma quantidade enorme de marcos alcançados ou iniciativas sobre os quais escrever. Mas poderíamos falar bem mais sobre nossos sonhos, nossas oportunidades e nosso futuro. Poderíamos colocar o relatório CDAS inteiro.
Entretanto, isso seria demais para digerir. Acredito que os destaques financeiros (páginas 48 e 49) sejam um bom exemplo de ‘menos é mais’ — todos que leem o relatório ficam impressionados com essa declaração de duas páginas que sumariza nossa posição financeira no ano.
BENEFÍCIOS:
Também existem benefícios.
Mais clareza
Ao reduzir o barulho e eliminar o excesso, compreendemos melhor nossa missão, nossos valores, nossos papéis e nossas responsabilidades. Entendemos, basicamente, como nós geramos — ou destruímos — valor com as iniciativas que assumimos. Além disso, aprendemos a apreciar o pensamento integrado. Chegamos à essência sobre nosso modelo de negócios e geração de valor no curto, médio e longo prazo.
Conectividade interdepartamental
Por sermos uma unidade pequena, a maioria das pessoas acredita que nossos departamentos estão naturalmente interconectados.
Não é bem assim.
Essa conectividade precisa ser cultivada, e a adoção do Relato Integrado ajuda a superar esse entendimento. Um exemplo de colaboração interna e aprendizado mútuo: nossa equipe de finanças aprendeu como questões não financeiras, tais como desenvolver nosso capital intelectual, podem impactar o desempenho financeiro.
Depois de uma tiragem de 300 cópias, distribuídas aos nossos stakeholders, recebemos feedback positivo tanto do DBS Bank como da ComfortDelGro. Temos até mesmo organizações que estão considerando adotar o Relato Integrado depois de terem visto nosso Relatório Anual.
Próximos Passos para o Assurance no ‹IR›
Organizações de todo o mundo contribuíram para a consulta pública sobre a questão do assurance (auditoria) do ‹IR›, encerrada em 8 de dezembro de 2014. Um total de 61 observações foram recebidas de stakeholders de 19 países, bem como de organizações regionais e internacionais. Mais de 300 especialistas também contribuíram para a consulta por meio de uma série de mesas-redondas em 14 países.
As observações, que foram postadas no website do IIRC, serão sumarizadas e publicadas no primeiro semestre de 2015. Os principais temas que emergiram das mesas-redondas incluíram um acordo sobre a questão de que um envolvimento precoce de profissionais de assurance pode ajudar a fortalecer os processos de relatório. Havia certa avidez por considerar questões mais gerais de credibilidade e confiança além do assurance convencional, porém com ela veio uma preocupação em relação ao custo-benefício. Muitos participantes também expressaram interesse por garantir que a auditoria interna esteja plenamente envolvida, conduzindo a uma abordagem integrada do assurance.
O papel do IIRC tem sido atuar como catalisador, estimulando o debate sobre a questão do assurance e chamando a atenção de todos os que têm interesse em edificar credibilidade e confiança para contribuir com o desenvolvimento do assurance no ‹IR›. O próximo passo para o assurance no ‹IR› está sendo liderado pelo IAASB (comitê responsável pelas normas internacionais de auditoria), que estabeleceu um grupo formal de trabalho em assurance do ‹IR›, coordenado por Merran Kelsall, Presidente do Conselho Australiano de Normas de Auditoria e Assurance. O IAASB expediu seu trabalho sobre o ‹IR› e conta com a emissão de um documento inicial no começo de 2015.
Relato contextual conecta o relato integrado às informações da empresa
A Iniciativa Tecnológica do ‹IR› está analisando como a tecnologia pode apoiar as novas tendências do relato corporativo e, em particular, pode ser aplicada no auxílio da adoção global do ‹IR›. Os participantes desempenharão um papel crucial em assistir organizações em todo o mundo na adoção do ‹IR› por meio de tecnologias que tornam o relatório corporativo mais rápido, eficiente, preciso e conectado.
A seguir, Jyoti Banerjee, Líder da Iniciativa Tecnológica do ‹IR›, fala sobre os desafios que tal iniciativa busca endereçar:
“Antes, as únicas informações disponíveis sobre uma empresa eram aquelas disponibilizadas pela própria empresa. Tipicamente, essas informações eram divulgadas na forma de um relatório anual. Embora os relatórios anuais tenham se tornado mais longos e abrangentes, hoje já não são mais a única fonte de informações sobre uma empresa.
Em vez disso, obtemos nossas informações de uma variedade de fontes. Terminais de dados fornecem informações sobre preços de mercado, notícias sobre uma empresa e seus concorrentes, métricas comparativas entre empresas de um mesmo setor ou de uma mesma região e mensagens de uma empresa sobre suas próprias estratégias e ações. Uma pesquisa on-line mais profunda revelará informações sobre o desempenho ambiental e os impactos sociais, alguns dos quais talvez nem sejam rastreados pela própria empresa. E por aí afora.
Embora as informações existentes acerca de uma empresa estejam se multiplicando, o desafio para os redatores de relatórios anuais é tornar as informações fornecidas por eles acessíveis e relevantes. De fato, um dos princípios estabelecidos pela Estrutura Internacional do ‹IR› é a concisão. Seria possível para as empresas serem mais transparentes a respeito de suas operações, enquanto satisfazem as crescentes exigências de divulgação, e ao mesmo tempo publicarem relatórios mais breves?
O relato integrado constitui a base da informação sobre a estratégia empresarial e o modelo de negócios, ao passo que também assegura que todas as informações apresentadas sejam relevantes para a história de geração de valor da organização. Mas também precisa ter conectividade com mais informações que forneçam mais insight em questões específicas. Quando consideramos as fontes exteriores de informações também disponibilizadas, podemos ver um retrato com um problema emergente, que é o seguinte: as informações e os dados que complementam aquilo que é encontrado em um relatório integrado carecem de contexto sobre a estratégia da empresa, ou sobre seu modelo de negócios, ou sobre riscos ou oportunidades — esse é o tipo das informações apresentadas no relatório integrado.
Ao lermos um relatório integrado, devemos ser capazes de encontrar informações subjacentes que nos forneçam insight sobre a estratégia da empresa e seu modelo de negócios. Em contrapartida, quando mergulhamos em grandes grupos de dados corporativos, devemos ser capazes de entender o quão relevantes são tais informações para os riscos e as oportunidades que se encontram diante da empresa. Essa travessia de mão dupla entre um relatório integrado e outros dados corporativos é o que chamo de ‘relato contextual’, um conceito adotado por Bob Eccles e Mike Krzus em seu novo livro: The Integrated Reporting Movement [O movimento do relato integrado].
Para que o relato contextual funcione, precisamos ver o desenvolver de algumas ideias-chave. Primeiro, precisamos da tecnologia para possibilitar maior conectividade entre as informações no relato digital e outras informações corporativas. Segundo, precisamos de melhores métodos para sermos capazes de ganhar uma perspectiva analítica das vastas coletâneas de dados estruturados e não estruturados que estão cada vez mais disponíveis ao consumidor de informações. Finalmente, precisamos de normas para governar a publicação de informações de relato eletrônico. Se pudermos ver isso acontecer, será mais provável que o relatório integrado se torne um rico mapa contextual capaz de guiar usuários internos e externos ao longo do terreno labiríntico das informações corporativas”.
Leia mais sobre a Iniciativa Tecnológica do ‹IR› .