Investidores influentes exigem ‹IR› como boa prática de governança
Um grupo de investidores institucionais da Nova Zelândia recomendam que as companhias forneçam um relatório integrado, “que contextualize o desempenho histórico e ajude os acionistas a entender os objetivos estratégicos das companhias e a sua trajetória para atingi-los”.
Os investidores, que fazem parte do Fórum de Governança da Nova Zelândia, buscam alcançar mudanças significativas nos padrões de governança esperados das organizações em que investem. Eles publicaram recomendações que estão promovendo como boas práticas em áreas como relacionamento com acionistas, nomeação de membros do conselho e divulgação. Juntos, os membros do fórum administram fundos no valor de aproximadamente NZ$10 bilhões, o que corresponde a mais de 15% do mercado de ações da Nova Zelândia.
De acordo com o Princípio 4 das Recomendações, que exige o Relato Integrado, essas divulgações devem estar ligadas ao modelo de negócios da empresa, incluir declarações sobre o futuro, descrever a estratégia, riscos e oportunidades da companhia, e ser acessível. Esses princípios são essenciais à Estrutura Internacional de ‹IR›, que as empresas neozelandesas, como o New Zeland Post, estão começando a adotar para contar sua história de criação de valor.
Isso é mais um sinal de que os investidores não estão satisfeitos com os relatos atuais. Eles estão se voltando para o Relato Integrado com o objetivo de estimular a produção de relatórios claros, concisos e integrados que expliquem como os recursos de uma organização estão criando valor ao longo do tempo.
Outro evento significativo na Nova Zelândia este mês foi o anúncio da adoção da Estrutura de Padrão de Vida (LSF, na sigla em inglês) pelo Departamento do Tesouro da Nova Zelândia. Isso significa que muitos outros fatores, além da renda ou do PIB, serão incluídos nos estudos para determinar o padrão de vida. Há semelhanças significativas entre o ‹IR› e a LSF, pois esta também adota uma abordagem multicapital. O Departamento do Tesouro introduziu a LSF como forma de alcançar “maiores oportunidades, recursos e incentivos para viver uma vida que as pessoas valorizem”.
A LSF foca quatro tipos de capital – econômico, natural, social e humano – sendo que o capital econômico é descrito em termos equivalentes aos capitais financeiro, manufaturado e intelectual do ‹IR›. O Departamento do Tesouro considera os capitais como o “objetivo final”, pois a saúde dos capitais desempenha um papel muito importante na elevação do padrão de vida. O fato de o Departamento do Tesouro ter adotado o modelo multicapital, que descreve os inter-relacionamentos entre os recursos, corrobora a crença do IIRC de que a história de criação de valor de uma organização está alicerçada no conjunto de valores que são afetados pelas suas atividades.
Por meio da Rede Pioneira do Setor Público, já estamos em contato com o Departamento de Tesouro da Nova Zelândia e estamos ansiosos para compartilhar ideias e experiências sobre relatos com eles à medida que adoção da LSF avançar.
As metas do ‹IR› de estabilidade financeira e desenvolvimento sustentável nunca foram tão importantes
O IIRC publicou dois artigos este mês sobre o papel do ‹IR› na garantia de estabilidade financeira e desenvolvimento sustentável. Nas últimas semanas, as manchetes foram dominadas pela instabilidade financeira causada por uma aparente desaceleração na economia chinesa e seu impacto nos mercados financeiros. A ideia que a atividade dos mercados financeiros é separada da “economia real” faz parte do discurso dominante atual, mas o impacto da volatilidade nas economias das pessoas e, de forma um pouco mais indireta, na confiança das empresas parece muito “real”. Como pudemos permitir que os mercados de capitais se tornassem desassociados da atividade econômica produtiva dessa forma?
Com as atenções do mundo inteiro voltadas para a China, os líderes mundiais continuam sofrendo forte pressões políticas para atingir um consenso com relação às Metas de Desenvolvimento Sustentável (SDGs, na sigla em inglês) e ainda não sabemos se as discussões sobre mudança climática em dezembro (COP21) podem entregar as mudanças comportamentais revolucionárias que muitos esperam. O Relato Integrado não é uma solução mágica, mas oferece uma estrutura para que possamos pensar e nos comportar de forma diferente em um mundo sem fronteiras, em que a propriedade de ativos físicos é menos importante para entender a criação de valor que o domínio de um conjunto mais amplo de capitais.
A estabilidade financeira e o desenvolvimento sustentável estão intrinsecamente ligados. Nos últimos dois anos, o Relatório de Riscos Globais do Fórum Econômico Global mencionou a interligação entre os riscos econômicos e estratégicos de negócios. E, como afirmou Christine Lagarde, Diretora-Geral do Fundo Monetário Internacional, o aumento da desigualdade não é um problema só para a sociedade, mas também está prejudicando o potencial de crescimento econômico. Neste mundo interligado, uma filosofia de desenvolvimento nova e inclusiva está sendo implementada. É por isso que a abordagem multicapital do Relato Integrado está tendo um efeito tão poderoso na transformação do modo como o mundo entende a criação de valor. O ponto crítico é que o Relato Integrado possibilita que o valor dos capitais “armazenados” seja explicado, o que dá aos investidores a confiança para investir no longo prazo.
Os artigos que discutem essas questões em mais detalhes estão disponíveis no site do IIRC:
• Restacking the deck: Integrated Reporting and the fight against global poverty
• A toolkit for inclusive capitalism.
Nova colaboração com o Centro para Relato Corporativo deve difundir o ‹IR› na Suíça
O Centro para Relato Corporativo (CCR) irá promover ativamente o ‹IR› e apresentar a Rede de Negócios ‹IR› às empresas suíças após ter apoiado o Relato Integrado como o futuro do relato corporativo. O CCR irá utilizar suas redes e canais na região para fornecer conhecimento, oportunidades de networking e orientação especializada a companhias interessadas no ‹IR› como uma ferramenta para comunicar claramente como eles criam valor ao longo do tempo e assim conscientizar o público com relação ao ‹IR›.
Kristin Köhler, Presidente do CCR, disse: “A colaboração com o IIRC é um passo importante para o CCR na promoção de relatos abrangentes na Suíça”. Paul Druckman, Presidente do IIRC, acrescentou: “Estamos muito felizes por estar trabalhando com o CCR. Acreditamos que a nossa colaboração ajudará a apresentar o ‹IR› a um número cada vez maior de empresas, agregando valor ao sistema de relato corporativo em geral”.
Aplicação do conceito de “capitais” do Relato Integrado ao setor bancário
Mikkel Larsen, Diretor-Geral, DBS Bank
Tradicionalmente, os relatos do setor bancário têm como foco o capital financeiro e, até certo ponto, o capital humano. Com o surgimento de um mundo digital e a noção de que os bancos estão sob ameaça de desintermediação, a reflexão cautelosa sobre o uso de outros capitais e os efeitos sobre eles torna-se cada vez mais importante.
Em um estudo para Rede Bancária de ‹IR›, analisei a abordagem multicapital na Estrutura Internacional de ‹IR›. Esse é o primeiro trabalho preparado pela Rede para fornecer orientações específicas para um setor com relação à aplicação do ‹IR›.
Entre as principais conclusões, podemos citar:
1. Há um número cada vez maior de boas práticas em que se inspirar, apesar de, à primeira vista, a estrutura de capitais não ser fácil de implementar no setor bancário. É possível buscar inspiração em companhias de setores semelhantes (como demonstrado na pesquisa).
2. Dos 20 bancos pesquisados, oito aplicaram a terminologia de “capitais” do ‹IR› conforme descrita na Estrutura de ‹IR› e outros três aplicaram um conceito semelhante, mas usaram termos diferentes. Houve uma certa controvérsia sobre como questões como a “marca” e o “treinamento dos funcionários” se encaixavam no modelo multicapital.
3. Os bancos fornecem indicadores de desempenho específicos somente para “produção e resultados” em vez de para “entrada” (uso de recursos) ou contribuição líquida.
4. Os indicadores de desempenho específicos que apresentam maior consistência são aqueles relacionados ao capital financeiro, que é o tipo de capital mais conhecido e comumente considerado como o mais relevante para os investidores, além de ser o mais fácil de mensurar. Os indicadores de desempenho específicos quantitativos para os outros capitais tendem a ser mais variados.
5. Pelo menos sete bancos incluem o uso (entrada) de capital natural em seus relatórios apesar de os bancos não serem grandes consumidores de capital natural. Um dos motivos para os bancos incluírem os indicadores de desempenho relacionados ao capital natural é o alinhamento com as exigências de estruturas de meio ambiente, sustentabilidade e governança como a GRI.
Essas observações de aplicação têm uma natureza prática e devem ser úteis à medida que redatores atuais e potenciais continuem em sua jornada para preparar um relato integrado melhor. As Redes Bancária e de Seguros devem colaborar com essas publicações sempre que possível e isso deve inspirar redes de outros setores a desenvolver orientações específicas para o seu setor.
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Gostaríamos de receber seu feedback sobre a Matriz de Competência do ‹IR› para garantir que haja uma orientação clara no mercado sobre as habilidades e experiências necessárias para ser um praticante eficiente do ‹IR›.
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BLOG:
Bob Laux, Chefe da Tesouraria, Microsoft Corporation: The Accountancy profession needs to up its game
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Liz Prescott, Líder do IIRC na região da Australásia ‘Information needs to be interconnected for investors to understand how to use it‘
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NOVOS RECURSOS:
Relatório do ICGN ‘Guidance on Integrated Business Reporting’
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Relatório do Instituto de Auditores Internos ‘The role of internal audit in non-financial and Integrated Reporting‘